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Epaminondas Portilho

Epaminondas Portilho

31/01/1951 a 18/01/1952

É lembrado, na história municipal, por seu apelido de infância, “Nêgo Portilho,” oriundo, muito provavelmente, em razão de ter sido ele o mais moreno entre seus irmãos. Conhecido também por “Tio Nêgo” ou “Ti’Nêgo”, foi o segundo vereador eleito a exercer o cargo de presidente da Câmara Municipal de Rio Verde, em sucessão ao farmacêutico e agro-pecuarista, Felipe Santa Cruz. Natural de Rio Bonito, hoje Caiapônia, cidade esta que foi ao seu tempo, líder na política e no comércio no sudoeste goiano foi filho primogênito do Coronel Isaac Portilho, personalidade essa, destacada na história daquele município onde seu nome aparece registrado, em livros: Cel.

Izác Portilho e em outra citação, com a corruptela: “Izá Portilho”, este de ascendência árabe, porém, quase certamente de família oriunda da região de Salamanca, Espanha. Isaac, mineiro natural de Bagagem, hoje Estrela do Sul, município que se situa em área que pertenceu, por algum tempo, à Província de Goiás e que um padre famoso, pretendendo transforma-la em Província autônoma, a registrou como Triângulo Mineiro. Comerciante, se transferiu para o Estado de Goiás onde marcou presença no mesmo ramo, e ainda, na pecuária e na política de Rio Bonito, município onde foi escolhido seu segundo intendente municipal, cargo que até a Revolução de Trinta, se equiparava ao de prefeito.Sua loja se situava em local popularmente denominado “Beco do Coronel Isaac”, conforme citado no livro “O Quadro dos dezoito”, obra em que também aparecem os nomes de seu filho Saddy e de sua tia, Olympia Costa Gomes.,

Pecuarista, possuiu grande fazenda, (Itaipava), confrontante com a de Demolício de Carvalho, um outro cidadão caiaponiense que se transferiu para Rio Verde no início do século passado. O título de Coronel lhe foi outorgado, como à tantos outros cidadãos, no passado, através de compra ao governo de patente da Guarda Nacional, o que assegurava ao seu detentor imunidades, prestígio e regalias outras, quer no campo social, quer em áreas políticas e jurídicas. “Nêgo Portilho” seu filho mais velho é aqui lembrado, principalmente, por ter sido, como salientamos, o segundo presidente da Câmara Municipal de Rio Verde.

Nasceu de segunda união matrimonial havida entre o Cel. Isaac e Cecília (Didi) Alves Martins. Foram seus irmãos: Saddy, que muito jovem se uniu a família Ulhôa, gerando três filhos: Duarte, (falecido), médico que atuou por décadas no Hospital Santa Catarina em Uberlândia; Cecília, que reside nesta mesma cidade e Mauro, (falecido). Este último, muito popular em Rio Verde, onde foi titular de Cartório de Ofícios. Mais conmhecido por “Quito”, foi recebido, por adoção, por seus tios Moisés, Olympia Costa Gomes Este seu tio foi destacado Deputado Constituinte, pós-Revolução de Trinta, sendo profissional prático farmacêutico. Assumiu como interventor o município de Jataí e foi titular de cartório em Goiânia.ex-interventor em Jataí, titular de cartórios em Rio Verde e em Goiânia. Personagem histórica à quem Alfredo Nasser cita, em suas memória, como de sendo de “coragem e fidelidade a toda prova”. Além de Saddy e Epaminondas, são filhos desta segunda união do Cel Isaac: Lourdes, senhora que se destacou, a seu tempo, por sua elegância e “finesse” na sociedade rio-verdense. Foi casada com o odontólogo, Heráclito Fernandes Lima, desta união nascendo um único filho, (falecido), Sadí Lima Portilho.

O quarto filho, foi desta união, batizado Isaac, prático em farmácia e que ficou conhecido por seu apelido: “Filhinho”, (ou Filhím), “Portilho”. Casou-se com Maria Rita Moraes. São seus filhos: Isamar, (falecida); Isaac, Cecília Maria e Else. Muito cedo, com cerca de 12 anos de idade, Epaminondas se tornou órfão de pai e a família se mudou para Rio Verde. Daí em diante, “Nêgo Portilho”, assumiu em parte, responsabilidade sobre seus irmãos menores, com o indispensável apoio de suas tias: Alzira Martins, Olympia e “Maria do João Alexandre”. Saddy, seu irmão, faleceu aos 36 anos de idade.

O patrimônio legado por seu pai, ao que nos consta, teria ficado em mãos dos filhos da primeira união do Cel Isaac ou de posseiros. Vindo com suas tias para Rio Verde, urgia ao jovem Portilho aprender uma profissão que lhe permitisse se sustentar e aos seus irmãos. Os ofícios de ferreiro, carpinteiro eram aqueles, então, tidos entre as profissões mais nobres e valorizadas. Optou pela primeira onde logo, por ser inteligente, curioso e autodidata, aprenderia a “mexer” nos primeiros automóveis que aportavam por aqui, o que lhe abriu as portas para uma melhor colocação junto à recém-fundada Cia. Auto-Viação Sul Goiana, onde foi mecânico, motorista e auxiliar administrativo, naquela histórica sociedade civil, pioneira no sudoeste goiano, nas áreas de construção de estrada de rodagem, transporte de passageiros e de malas dos Correios e Telégrafos.

De mecânico passou a “chaufer” dirigindo um Ford Double Phaeton, 1929, ocupando-se em essas suas solitárias viagens à atividade extra, qual foi, a de verificar visualmente e quando possível reparar, o estado dos fios e postes da linha do telégrafo. Para se credenciar a este ofício de chofer, lhe valeu experiência adquirida quando ainda quase criança, “guiava” o “Fordinho” de seu finado pai em outras tantas e longas viagens quando buscavam mercadorias em Uberaba. Dedicado, sociável e responsável, logo se destacaria como líder na empresa, pela qual se tomou de amores. Pouco tempo se passou antes que a epopéia e planos de Ronan Borges e Sidney Pereira, fundadores da mesma se tornassem inviáveis e deficitários em razão de que, muitos daqueles entusiastas que subscreveram suas ações, desiludidos com a receita adversa, a abandonaram à própria sorte.

Ciente de sua importância como elo de desenvolvimento da região, a sociedade civil foi encampada pelo Estado, através do Interventor Dr. Pedro Ludovico Teixeira. Certa tarde, em reunião política na casa do Senador Martins Borges, o assunto veio a tona, discutindo-se que fim se daria à mesma. Incentivado por sua esposa, Else, Epaminondas fez, ao Interventor, proposta de compra da massa falida da Cia. Sul-Goiana, que se constituía na concessão da linha Itumbiara á Mineiros e uma maltratada jardineira Ford, carroceria Grassi, com 16 lugares e motor a óleo cru, marca Hercules-Buda, patrimônio que foi orçado e acertado por um valor aproximado de 4.000$0000 (quatro contos de réis). – Pouco tempo depois a transação se concretizava, desta maneira, tornando “Nêgo Portilho” o primeiro empresário, pioneiro como proprietário particular na exploração de linhas de ônibus no sudoeste goiano, firma registrada sob nome fantasia: “Empresa de Ônibus “E.Portilho,” – (que nunca nos revelou significaria “Emrich Portilho” ou “Epaminondas Portilho”…), mantendo “corridas de jardineira” às segundas e sextas-feiras para Santa Rita do Paranahyba, hoje Itumbiara, e as quartas-feiras para Jataí e Mineiros, saídas às 7:00h. (horários de chegadas? Sem previsão…).

Em 1952, com a construção da ligação Montividiu, (“Chapadão”), até a “estrada de Goiânia,” foi iniciada, por esta empresa, “a linha “vai-vem”, (de ida e volta no mesmo dia), aos domingos e as terças-feiras até o ex-aquele ex-distrito de Rio Verde.. Com o prolongamento da mesma, a linha foi ampliada, (1953), até Campo Limpo, (Amorinópolis) e Iporá, (antiga Itajubá). “Em reconhecimento a sua luta e pioneirismo no transporte coletivo intermunicipal, no governo de Eurico Veloso do Carmo, o terminal rodoviário de Rio Verde, construído em outra administração, (Paulo Campos), recebeu seu nome. Na administração Iron Nascimento, foi mantido, por justiça e direito até, seu nome e descerrado seu busto, no atual Terminal Rodoviário de Rio Verde. Paralelamente às suas atividades empresariais, aos sábados e domingos Epaminondas exibia fitas em seu “Cine Progresso,” situado a rua Gumercindo Ferreira, (“rua da avenida”), tendo sido ele o primeiro a trazer para Rio Verde um projetor de “filme falado”. Os cinemas que o antecederam, eram mudos.

Pioneiro incansável se tornou operador, voluntário, de um “aparelho de raios-X” trazido dos “States” pelo Dr. Gordon e instalado no antigo hospital que existiu onde se encontra o busto deste médico benemérito. À falta de um técnico que soubesse operá-lo, aliada a grande amizade a família Gordon, nascida quando o casal Dr. Gordon – Dª Helena e seus quatro filhos vieram para o Brasil, ainda sem conhecerem eles, muito bem, o idioma português e se instalou com moradia e casa de saúde, primeiramente, no casarão de João Eduardo Rodrigues da Cunha, na atual pça. Pe. Mariano, quase em frente à casa que sua mãe, “Didi Portilho,” deixara por herança ao “Tio Nêgo” e “Tia Else”, (leia-se Elce), sua esposa, esta nascida em Nova Friburgo, filha de Julio Rodolpho Emrich e de Clara Faustina Emrich, alemães que vieram para o Brasil e se estabeleceram na Faz. Pedra Branca, RJ, antes de se mudarem para Lavras, no Sul de Minas, de onde veio Else Emrich, acompanhando seu irmão, agrimensor Theodulo Emrich, ambos residindo por algum tempo, na Fazenda Campo Alegre, de Narcisa Leão, ficando ela com a responsabilidade de alfabetizar interessados.

Depois se transferiu para Rio Verde onde se tornou uma das primeiras professoras do Grupo Escolar “Eugênio Jardim”. Else, cuja família na Europa é de origem católica, se tornara “protestante” e foi um dos esteios na formação da 1º Igreja Presbiteriana de Rio Verde, a que se dedicou com muito afinco e carinho. Nessa religião e igreja, Epaminondas e Else receberam as bênçãos núpciais. Desse casamento nasceram sete filhos: Waldyr. Professor aposentado; destacado colaborador na implantação da Universidade de Rio Verde – FESURV; casou-se com Zélia Guimarães. Edsel, “Dr. Checo”, (falecido). Médico humanitarista, clínico-geral, agro-pecuarista, humanitarista e ex-vereador pelo MDB. Maçom. Casou-se com Nair de Freitas; Delva, professora de inglês, de música sacra e de piano, com estágio nos Estados Unidos. Casou-se com João Tristão de Oliveira.

Cecília (solteira, falecida). Secretária Executiva na Editora Martins, Rio de Janeiro. Rodolpho. Casou-se com Laurita Aparecida Gonçalves. Gerenciou por quatro anos a Empresa do “Seu Nêgo Portilho”, (já sob nova denominação: “Viação Portilho” e cujas atividades se encerraram em 1963); ex-redator do primeiro jornal municipal em Rio Verde, (“O Mutirão”), atuou em muitas atividades jornalísticas locais, com artigos e colaborações. Autor de três livros inéditos, sob os títulos: “De Camargo Fleury a Gonzaga e Jaime” – “As Heróicas Abóboras do Rio Verde” e “Efemérides Rio-Verdenses”, tem buscado patrocínio para publicá-los.-Foi gerente de serviços e inspetor, no CRISA, GUIMASA, Xavier Veículos, (Itumbiara); Planalto Máquinas Agrícolas, (Goiânia); Secretário na SERVE, (embrião da FESURV), entre outras atividades participativas. Lourdes. Ex-secretária no “consultório” do antigo Hospital Evangélico. Casou-se com Célio Jaime de Lima. Glaicon.

Ex-diretor de departamento de Furnas, em BH e RJ. Técnico em torres de transmissão, trabalhou, para essa multinacional, em Angola. Casou-se com Catarina Maria Lopes. Em segunda união, são filhos de Epaminondas e Maria Sardinha: Oyanarte. Físico nuclear com estágio nos Estados Unidos. Casou-se com Áurea Pimenta. Nelson geólogo, (falecido). Casou-se com Helena. Carlos médico cardiologista em Brasília. Casou-se com Sandy. “Tio Nêgo” Portilho, foi também, um dos pioneiros da aviação civil em Rio Verde, tendo brevetado no Aeroclube Clube de Rio Verde, organização civil hoje inexistente e que, como vários outros aeroclubes surgidos no País, nasceu de incentivo proposto na presidência de Getúlio Vargas, com vistas à formação de pilotos civis, que após treinamento militar nos Estados Unidos, seguiriam para frente de batalha na Itália, quando do envolvimento brasileiro na 2ª Guerra Mundial. Destes pilotos, somente Agostinho Macedo, foi convocado, como pracinha. Lembrando aqui que, do sudoeste, apenas o Tte. Aviador, Diomar Menezes, de Jataí, participou com brilhantismo, naquele conflito mundial.

Foi agraciado, por méritos, com medalhas, em reconhecimento aos seus brilhantes feitos, faleceu em acidente aéreo, sobre a Baia de Guanabara, Rio, justamente quando se comemorava o retorno de nossos combatentes. Sem maiores sucessos, o homenageado, e ex-presidente da Câmara Municipal, se dedicou, a pecuária em sítios próximos á cidade. Quando da passagem da famosa Coluna prestes, se engajou, vestiu farda e pegou em armas, pronto a se dirigir para a região de Mineiros, (fazenda de Zèca Lopes). Tornou-se maçom, tendo sido iniciado na Loja Luz e Caridade de Uberlândia. Em Rio Verde, é lembrado como um dos fundadores da Loja Maçônica “Estrela Rio-Verdense”, (sic), da qual, todavia, se afastou, em suas últimas décadas de vida. Em Rio Verde, é lembrado como participante efetivo na fundação da “Loja Maçônica”.Foi membro da União Nacional dos Viajantes do Brasil.

Na vida pública e política foi fiel partidário do PSD, herança política do PSR, liderado por Pedro Ludovico, além de ter sido um “getulista” apaixonado. Participou na fundação do PTB em Rio Verde, porém, após este ter se unido em campanha, à UDN, aqui liderada por César Bastos, inconciliável adversário político desde os tempos do “caiadismo”, se afastou dos partidos e da política. Para isso muito contribuiu, ainda, o suicídio de Vargas. Nessa ocasião, mandou imprimir e distribuiu, centenas de impressos com o famoso bilhete e carta-testamento, supostamente legada por Vargas, um líder popular autêntico, de quem recebia, ocasionalmente, cartas de próprio punho e em quem depositava esperanças de um Brasil melhor.

Em resumo, aqui estão alguns aspectos biográficos retratando a pessoa de um dos primeiros presidentes da Câmara Municipal de Rio Verde, após a Nova República, o “Ti’Nêgo” Portilho, Incontestavelmente, uma vida de pioneirismos, respeito e solidariedade ao próximo. Exemplo de vida para as atuais e futuras gerações, onde se percebe a figura de um homem que se fez por si mesmo e que legou às atuais e futuras gerações, seus exemplos de pioneirismos, de trabalho, de amizade e, sobretudo, de responsabilidade e de honestidade.

Por Filadelfo Borges de Lima